Através da compreensão e do perdão entre algozes e vítimas retornaremos ao caminho do bem, da esperança e do amor.
Terça-feira,
12 de julho de 2011. Reunião de desobsessão na Sociedade Espírita Joanna de
Ângelis, sob a direção de Vitor Silvestre.
O pequeno grupo reunido, nos minutos que antecedem ao início dos trabalhos,
comenta a memorável visita de Divaldo Franco, à nossa SEJA, no domingo, dia
10/07, dois dias antes, portanto. Na conversação que se estabeleceu os
participantes da reunião fizeram várias observações sobre o tema que Divaldo
abordou, ao relatar sua experiência quando esteve no campo de concentração de
Auschwitz, na Polônia.
Feita a leitura de O Evangelho segundo o Espiritismo, a prece inicial foi
proferida pelo dirigente.
Algumas comunicações foram acontecendo.
Aproximando-se a parte final dos trabalhos, comunica-se um Espírito, por meu
intermédio, que relata o que aconteceu, no plano espiritual, enquanto Divaldo
citava os horrores do holocausto.
“- Naquela manhã – começou
o Espírito comunicante - eu participei de uma assembléia das vítimas do
holocausto, de diversas nacionalidades, que fomos trazidos para esta Casa a fim
de assistir o relato que ele iria apresentar. Éramos um grande grupo.
- A finalidade de nossa presença relacionava-se com a necessidade que cada um
sentia, intimamente, de compreender os motivos pelos quais tivemos que passar
por tantos sofrimentos. Evidentemente que já havíamos sido informados a
respeito, no meu caso, sendo judeu, as Leis do Torá foram diversas vezes
citadas, não só para mim, mas igualmente aos meus irmãos de raça. Entretanto,
isso não aclarava suficientemente as nossas mentes, ávidas de explicações que
nos acalmassem a ânsia de saber mais profundamente.
- Ele (Divaldo) seguia relatando os detalhes do campo de concentração e a
maneira como era efetuada a seleção dos que iam ser exterminados imediatamente
à chegada e outros que seriam poupados para diferentes ocasiões. Não
necessitamos de intérpretes para entendermos o que ele dizia, pois era como se
houvesse tradução imediata. Neste momento em que transmito esta mensagem tenho
alguma dificuldade com o idioma, mas estou conseguindo, com a ajuda superior.
- Grande número de prisioneiros, como no meu próprio caso, ia sendo levado às
câmaras de gás, sem saber o porque daquele terrível destino. Na verdade, a
maioria seguia como gado indo para o matadouro sem ter noção do que viria
depois. Quando nos demos conta da realidade o horror que a todos invadiu foi
enlouquecedor.
- Mas ali estávamos, naquela manhã, ouvindo o orador, de alguma forma refeitos
das dores superlativas, do medo, da revolta, buscando respostas mais claras e
tentando conceber como a Misericórdia de Deus atuou sobre nossas vidas mesmo em
tão dramáticas circunstâncias.
- Fomos cientificados que nem todos, porém, vivenciaram reações
semelhantes às nossas. Soubemos que algumas vítimas das atrocidades tiveram
outra compreensão do que padeceram, libertando-se das injunções sofridas e logo
alçando voos para regiões mais altas. Entretanto, por outro lado, tivemos
notícias de que muitos daqueles ali exterminados se transformaram em
vingadores, dominados pelo ódio contra os algozes, que o sofrimento acarretou.
- A explanação, todavia, não terminou quando ele encerrou a reunião (prossegue
o comunicante). A partir daquele instante fomos sendo esclarecidos quanto aos
pormenores para que tivéssemos um entendimento maior.
- 70 anos transcorridos até hoje é pouco tempo. Agora sabemos que séculos
e séculos se passaram quando nos comprometemos perante a Contabilidade Divina.
Fizemos parte de hordas cruéis de antigos povos bárbaros, devastando lares,
destruindo famílias, incendiando cidades e vilas, pilhando e matando sem
piedade para com adultos, crianças, velhos. Muitos de nós em outras épocas nos
erigimos em seguidores de líderes considerados hediondos pela Humanidade. Foi
assim que soubemos que cada um escreve sua própria história, somos, pois,
herdeiros de nós mesmos. Este entendimento abriu-nos perspectivas inteiramente
novas, acalmando-nos as emoções e os sentimentos.
- Nosso grupo, do qual sou representante, foi informado, que a presença
de Divaldo ao campo de concentração
de Auschwitz, hoje transformado em museu, para que os seres
humanos jamais se esqueçam das terríveis ocorrências vividas naquele
local por outros seres humanos, algozes e vítimas-, desencadeou uma série
de providências, articuladas pelos Espíritos de Luz, para esclarecimento de
grande parte dos que ali foram exterminados, apegados que estávamos a ideias de
revolta, rebeldia e ceticismo quanto à justiça de Deus. Portanto,
os relatos que ele tem apresentado proporciona
benefícios notáveis a inúmeros grupos, que são encaminhados, constituindo um
nobre programa de aclaramento da verdade.
-(Emocionado, o Espírito agradece) Foi assim que um horizonte novo se abriu
para nós, graças às explicações profundas que o Espiritismo apresenta. Fomos
envolvidos por um ambiente de amor e paz, que nos engrandeceu, porque até
aquele dia cultivávamos a ideia negativa de nossa pequenez irremediável, como
se nada mais restasse para cada um de nós. Igualmente passamos a sentir que
Deus é Pai de todas as criaturas humanas, sem distinção de raça, sem rótulos
religiosos ou qualquer separação. Portanto, agradecemos a esta Casa que
nos acolheu. Prossigam nesse caminho, tendo Jesus como guia, O qual também nos
é grato seguir.”
A Entidade se despediu, deixando-nos profundamente comovidos . Um profundo
silêncio seguiu-se à comunicação do nosso querido irmão.
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