Depois da Morte
Autor: Léon Denis
O homem é um ser complexo. Nele se combinam três elementos para formar
uma unidade viva, a saber:
O corpo, envoltório material temporário, que abandonamos na morte como
vestuário usado;
O perispírito, invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos
sentidos naturais, que acompanha a alma em sua evolução infinita, e com ela se
melhora e purifica;
A alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da
personalidade.
A alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro
sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das
necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado normal. O Espírito
não é mais que um homem desencarnado. Todos tornaremos a ser Espíritos. A morte
restitui-nos à vida do espaço.
Que se passa no momento da morte? Como se desprende o Espírito da sua
prisão material? Que impressões, que sensações o esperam nessa ocasião
temerosa?
É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa
jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará a morte.
Deixando sua residência corpórea, o Espírito purificado pela dor e pelo
sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus
amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas
sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se,
então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se
apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como
através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo
tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém,
uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada.
Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de
remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas
incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres
lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os
céus imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos,
mais belos que vêm recebê-lo, guia-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e
sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa,
então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.
A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite
a posição moral dos Espíritos.
Léon Denis foi um
pensador espírita, médium e um dos principais continuadores do Espiritismo após
a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion.
Nascimento: 1 de janeiro de 1846, Tours, França
Falecimento: 12 de março de 1927, Tours, França
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