Transcreveremos alguns momentos da vida de Frei Fabiano de Cristo no Convento de Santo Antônio
O JOVEM POSSESSO
Fabiano de Cristo interrompeu a
limpeza do chão, ao ouvir altas vozes em discussão, na entrada do convento.
Alcançou a porta e a abriu.
Um frei altercava com um homem
idoso.
-
Fora os dois! Fora daqui com esse endemoniado!
- Pai Fabiano, ajude-me – pediu o velho, assim
que viu Fabiano de Cristo surgir à porta. – Ajude-me,
pelo amor de Deus!
- Fora daqui – insistia o outro frei
irredutível.
-
Nesta casa de Deus, não entra o demônio no corpo de um menino!
-
Irmão – diz Fabiano dirigindo-se ao outro frei, num tom conciliador – Deus não teme demônios! Lembremo-nos, por
outro lado, que Jesus disse: “Deixai vir a mim as criancinhas.”
- Não criancinhas com o demônio no
corpo!
- Jesus, quando assim falou, não
disse se elas viriam em sorrisos ou em dores!
Houve um momento de admiração.
-
Entra, meu amigo, e traz teu filho em paz! – complementou Fabiano, antes
que o outro frei voltasse do espanto que o tomara.
Todos entraram.
O pai arrastava o menino, seu jovem
filho, amarrado por fortes cordas para contê-lo. E o jovem estertorava,
gritava, agitava-se medonhamente.
Cai o pai de joelhos, ao pé de
Fabiano.
-
Livra meu filho do demônio!
O olhar de Fabiano se derramava, pleno
de compaixão, sobre o jovem lunático e, além de fita-lo, num clima de piedade
infinita, vai a seu encontro, calmo e seguro.
O jovem, em convulsão, afasta-se,
grita, trazendo um mundo de curiosos para observá-lo, entre céticos e
amedrontados pelas consequências do fato incomum naquela comunidade.
-
Desata teu filho! – ordena Fabiano.
-
Não! Ele é perigoso... Pode ferir-te! Abençoa antes! – roga o pai aflito e
temeroso.
-
Desata-o, eu te ordeno!
Receoso, mas obediente, o pai liberta o
jovem das cordas.
Num salto violento, o possesso
atira-se ao lado de Fabiano, com espuma na boca e fogo nos olhos:
-
Maldito! – brada em alta voz, avançando contra Fabiano, com punhos cerrados
e ameaçadores.
-
Criatura de Deus, sê bendita! Estamos na casa de nosso Pai, onde nascem todas
as esperanças de amor e redenção! – diz-lhe Fabiano, recolhendo-se em
serena oração. – Ora comigo!
Fabiano está todo voltado para o Mais
Alto.
Enquanto o jovem reluta, treme,
geme, brada ameaças contra todos – espalhando o medo nos circunstantes que
tomam distância – Fabiano revive, na tela de sua imaginação, o Mestre Jesus,
junto ao lago de Genesaré, a dialogar com uma legião de espíritos dementados
pelo mal.
Dos olhos de Fabiano vertem lágrimas
de piedade.
O possesso, pouco a pouco se
aquieta. Encolhe-se junto Fabiano de Cristo, recolhendo o calor de suas preces.
Sacode a cabeça, como quem desperta de um longo pesadelo.
O jovem, espantado, olha à sua
volta.
-
Meu pai – diz o jovem – onde estamos?
O velho pai, banhado em lágrimas,
diz-lhe apenas:
-
Aos pés de um santo de Deus!
(Trechos do livro
“Fabiano de Cristo, o Peregrino da Caridade”, de Roque Jacintho, transcritos
para a obra “Cenário de Luz” – Fundação do Lar Espírita Assistencial Irmão
Fabiano de Cristo).
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