domingo, 7 de agosto de 2016

Conhecendo Fabiano de Cristo - II


Transcreveremos alguns momentos da vida de Frei Fabiano de Cristo no Convento de Santo Antônio


O JOVEM POSSESSO

            Fabiano de Cristo interrompeu a limpeza do chão, ao ouvir altas vozes em discussão, na entrada do convento.
            Alcançou a porta e a abriu.
            Um frei altercava com um homem idoso.
            - Fora os dois! Fora daqui com esse endemoniado!
            - Pai Fabiano, ajude-me – pediu o velho, assim que viu Fabiano de Cristo surgir à porta. – Ajude-me, pelo amor de Deus!
            - Fora daqui – insistia o outro frei irredutível.
            - Nesta casa de Deus, não entra o demônio no corpo de um menino!
            - Irmão – diz Fabiano dirigindo-se ao outro frei, num tom conciliador – Deus não teme demônios! Lembremo-nos, por outro lado, que Jesus disse: “Deixai vir a mim as criancinhas.”
            - Não criancinhas com o demônio no corpo!
            - Jesus, quando assim falou, não disse se elas viriam em sorrisos ou em dores!
            Houve um momento de admiração.
            - Entra, meu amigo, e traz teu filho em paz! – complementou Fabiano, antes que o outro frei voltasse do espanto que o tomara.
            Todos entraram.
            O pai arrastava o menino, seu jovem filho, amarrado por fortes cordas para contê-lo. E o jovem estertorava, gritava, agitava-se medonhamente.
            Cai o pai de joelhos, ao pé de Fabiano.
            - Livra meu filho do demônio!
            O olhar de Fabiano se derramava, pleno de compaixão, sobre o jovem lunático e, além de fita-lo, num clima de piedade infinita, vai a seu encontro, calmo e seguro.
            O jovem, em convulsão, afasta-se, grita, trazendo um mundo de curiosos para observá-lo, entre céticos e amedrontados pelas consequências do fato incomum naquela comunidade.
            - Desata teu filho! – ordena Fabiano.
            - Não! Ele é perigoso... Pode ferir-te! Abençoa antes! – roga o pai aflito e temeroso.
            - Desata-o, eu te ordeno!
            Receoso, mas obediente, o pai liberta o jovem das cordas.
            Num salto violento, o possesso atira-se ao lado de Fabiano, com espuma na boca e fogo nos olhos:
            - Maldito! – brada em alta voz, avançando contra Fabiano, com punhos cerrados e ameaçadores.
            - Criatura de Deus, sê bendita! Estamos na casa de nosso Pai, onde nascem todas as esperanças de amor e redenção! – diz-lhe Fabiano, recolhendo-se em serena oração. – Ora comigo!
            Fabiano está todo voltado para o Mais Alto.
            Enquanto o jovem reluta, treme, geme, brada ameaças contra todos – espalhando o medo nos circunstantes que tomam distância – Fabiano revive, na tela de sua imaginação, o Mestre Jesus, junto ao lago de Genesaré, a dialogar com uma legião de espíritos dementados pelo mal.
            Dos olhos de Fabiano vertem lágrimas de piedade.
            O possesso, pouco a pouco se aquieta. Encolhe-se junto Fabiano de Cristo, recolhendo o calor de suas preces. Sacode a cabeça, como quem desperta de um longo pesadelo.
            O jovem, espantado, olha à sua volta.
            - Meu pai – diz o jovem – onde estamos?
            O velho pai, banhado em lágrimas, diz-lhe apenas:
            - Aos pés de um santo de Deus!

(Trechos do livro “Fabiano de Cristo, o Peregrino da Caridade”, de Roque Jacintho, transcritos para a obra “Cenário de Luz” – Fundação do Lar Espírita Assistencial Irmão Fabiano de Cristo).






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