quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Conhecendo Fabiano de Cristo - V


EM SONHO

            Fabiano ardia em febre.
            Na cela onde se recolhera, a madrugada já lhe chegava. Surpreendia-o, contudo, a remoer pensamentos de desalento, o que era um fato raro.
            - Por que, Senhor, estas minhas pernas enfermas? Dispusesse eu do dom de mais saúde, mais te serviria.
            E quase numa oração dizia:
            - Assim como estou, não posso ir aos sofredores. Sou obrigado a vê-los virem até mim! Será justo obrigá-los a tais sacrifícios?
            E um sono, invencível, abate-lhe as reflexões.
            Surpreende-se Fabiano em paisagem espiritual. E, de longe, vindo ao seu encontro, uma Cruz de azulínea luminosidade.
            Instintivamente, ele se rende de joelhos.
            E a Voz lhe indaga:
            - Por que clamas contra mim, Fabiano?
            - Senhor! Não clamo contra vós! Rogo tão somente me dês condições físicas de vos servir melhor!
            - Não levantei queixas contra teus serviços! Segue, pois, amando a teu próximo. Todo aquele que vive a caridade é o que mais serve, com a força do coração.
            - É que pensei ir aos aflitos...
            - Todos os aflitos te trago, cada novo dia, à porta de teu coração. Mantém-te aberto para recebê-los e ampará-los em meu nome.
            - Lembra-te de que o céu pertence a todos, por herança do Pai celestial. Cabe aos herdeiros, pois, buscar o reino para vivê-lo onde e como estiver.
            - O Pai jamais se ausentou dos filhos. Os filhos é que o abandonaram. Por que, portanto, quereres dispensá-lo do esforço da procura?
            - E, para servir, como estás já basta.
            - Se servi ao Pai na cruz, de mãos e pés atados por cravos, como não servires a Deus, com pernas e braços livres?
            - Nem todos os sãos do corpo encontram-se a caminho do meu Reino. Mas recebo, todos os dias, coxos e cegos, surdos e estropiados do corpo, que alcançaram a saúde da alma.
            - Queres saúde para desertar do bem?
            Fabiano estremeceu, despertando no duro chão da cela. Sentiu as pernas e o corpo febris.
            Em sua alma, contudo, sentia a primavera da vida eterna.
            - Senhor! – murmurou, baixinho e tímido, - Faça-se, neste teu servo, a tua vontade.
            A dor e a dificuldade lhe davam ânimo novo.

(Trechos do livro “Fabiano de Cristo, o Peregrino da Caridade”, de Roque Jacintho, transcritos para a obra “Cenário de Luz” – Fundação do Lar Espírita Assistencial Irmão Fabiano de Cristo).



Um comentário:

  1. Que lindo!Devemos nos inspirar e praticar os exemplos de Fabiano que nos trouxe pra essa Seara maravilhosa

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