sábado, 8 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - 1ª parte

Pela comemoração dos 160 anos deste grandioso livro, iremos transcrever algumas perguntas das 1018 que compõe a obra codificada por Kardec.

Questão 1 - Que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

Questão 4 - Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
- Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá.
Para crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da Criação. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e adiantar que o nada pode fazer alguma coisa.

Questão 10 - O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
- Não; é um sentido que lhe falta.

Questão 13 - Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa dos seus atributos?
- Do vosso ponto de vista, sim, porque credes tudo abraçar. Mas sabei bem que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para as quais vossa linguagem limitada às vossas ideias e às vossas sensações, não tem expressão adequada. A razão vos diz, com efeito, que Deus deve ter essas perfeições no supremo grau, porque se o tivesse uma só de menos ou não fosse de um grau infinito, ele não seria superior a tudo, e por conseguinte não seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Deus não deve suportar nenhuma vicissitude e não ter nenhuma das imperfeições que a imaginação pode conceber.
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso e soberanamente justo e bom.

Essa é a fé raciocinada, tão bem explicada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Missão de Allan Kardec

Hoje descreveremos aqui algumas ideias que estão registradas dentro do livro, em Prolegômenos (noções ou princípios básicos para o estudo de um assunto qualquer):

"Fenômenos que escapam das leis da Ciência vulgar se manifestam em toda a parte e revelam, em sua causa, a ação de uma vontade livre e inteligente.
A razão diz que um efeito inteligente deve ter por causa uma força inteligente, e os fatos provaram que essa força pode entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais. 
Essa força, interrogada sobre a sua natureza, declarou pertencer ao mundo dos seres espirituais que se despojaram do envoltório corporal do homem. É assim que foi revelada a Doutrina dos Espíritos.
As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corporal estão na natureza das coisas e não constituem nenhum fato sobrenatural. Por isso, delas se encontram vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje, elas são gerais e patentes para todo o mundo.
Os Espíritos anunciam que os tempos marcados pela Providência, para uma manifestação universal, são chegados, e que, sendo os ministros de Deus os agentes de sua vontade, sua missão é instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.
Este livro é a compilação dos seus ensinamentos. Foi escrito por ordem e sob o ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos preconceitos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do seu pensamento e que não tenha se submetido ao seu controle. Somente a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação são obras daquele que recebeu a missão de o publicar.
Entre os Espíritos que concorreram para a realização desta obra, vários viveram em diversas épocas sobre a Terra, onde pregaram e praticaram a virtude e a sabedoria. Outros não pertenceram, pelo seu nome, a nenhum personagem do qual a História tenha guardado a lembrança, mas sua elevação é atestada pela pureza de sua doutrina e sua união com aqueles que trazem um nome venerado.
Eis os termos pelos quais deram por escrito, e por intermédio de vários médiuns, a missão de escrever este livro:
'Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, porque esse trabalho é nosso. (...). 
Estaremos contigo todas às vezes que o pedires e para te ajudar em teus outros trabalhos, porque esta não é senão uma parte da missão que te está confiada, e que te já foi revelada por um dos nossos.
Entre os ensinamentos que te são dados, há os que deves guardar só para ti, até nova ordem. (...).
Coloca na cabeça do livro a cepa de vinha que te desenhamos, porque ela é o emblema do Criador: o corpo é a cepa, o espírito é o licor; a alma ou o espírito unido à matéria é o grão. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o Espírito adquire conhecimentos.
Não te deixes desencorajar pela crítica. (...). Mas prossegues sempre. Crê em Deus e caminha com confiança. Aqui estaremos para te sustentar, e está próximo o tempo em que a verdade brilhará por toda a parte.
A vaidade de certos homens que creem tudo saber e querem tudo explicar à sua maneira, fará nascer opiniões dissidentes. Mas todos aqueles que tiveram em vista o grande princípio de Jesus, se confundirão no mesmo sentimento de amor ao bem, e se unirão por um laço fraternal que abrangerá o mundo inteiro. (...).
É com a perseverança que chegarás a recolher o fruto do teu trabalho. O prazer que experimentarás vendo a doutrina se propagar e ser compreendida te será uma recompensa da qual conhecerás todo o valor, talvez mais no futuro que no presente. Não te inquietes, pois, com as sarças e as pedras que os incrédulos ou os maus semearão sobre teu caminho. Conserva a confiança: com confiança tu chegarás ao fim, e merecerás ser sempre ajudado.
Lembra-te de que os bons Espíritos não assistem senão aqueles que servem a Deus com humildade e desinteresse, e repudiam a qualquer que procure, no caminho do céu, um degrau para as coisas da Terra. Eles se distanciam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira entre o homem e Deus; é um véu atirado sobre as claridades celestes, e Deus não pode se servir do cego para fazer compreender a luz.'" (São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luiz, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedemborg, etc., etc.)



quinta-feira, 6 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Parte 6

Concluindo o resumo da Doutrina Espírita escrito na Introdução, prosseguimos:

"Os Espíritos são atraídos em razão de sua simpatia pela natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se alegram nas reuniões sérias onde dominem o amor do bem e o desejo sincero de se instruir e se melhorar. Sua presença afasta os Espíritos inferiores que aí encontram, ao contrário, um livre acesso, e podem agir com toda liberdade entre as pessoas frívolas ou guiadas só pela curiosidade, e por toda parte onde se encontrem os maus instintos. Longe de deles obter bons avisos ou ensinamentos úteis, não se deve esperar senão futilidades, mentiras, maus gracejos ou mistificações, porque eles tomam emprestado, frequentemente, nomes venerados para melhor induzir ao erro.
A distinção dos bons e dos maus Espíritos é extremamente fácil. A linguagem dos Espíritos superiores é constantemente digna, nobre, marcada pela mais alta moralidade, livre de toda paixão inferior; seus conselhos exaltam a mais pura sabedoria, e têm sempre por objetivo nosso progresso e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, frequentemente trivial e mesmo grosseira; eles se divertem com a credulidade e se distraem às custas daqueles que os interrogam, se vangloriando da sua vaidade, embalando seus desejos com falsas esperanças. As comunicações sérias, não ocorrem senão nos centros sérios, naqueles cujos membros estão unidos por uma comunhão de pensamentos para o bem.
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: "Agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco"; quer dizer, fazer o bem e não fazer o mal. O homem encontra neste princípio a regra universal de conduta para as suas menores ações.
Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade, são paixões que nos aproximam da natureza animal e nos prendem à matéria; que o homem que, desde este mundo, se desliga da matéria pelo desprezo das futilidades mundanas e, pelo amor ao próximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um de nós deve se tornar útil segundo suas faculdades e os meios que Deus colocou entre suas mãos para o provar; que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco, porque aquele que abusa de sua força e do seu poder, para oprimir seu semelhante, viola a lei de Deus. Ensinam, enfim, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo ser oculto, o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas descobertas; que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com os quais agimos mal, é um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos são fixados penas e gozos que nos são desconhecidos sobre a Terra.
Mas eles nos ensinaram também que não há faltas irremissíveis, e que não possam ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio, nas diferentes existências, que lhe permite avançar, segundo seu desejo e seus esforços, na senda do progresso e na direção da perfeição que é seu objetivo final." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item VI).

quarta-feira, 5 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Parte 5

Dando continuidade a nossa reflexão sobre o resumo do Livro dos Espíritos, pensemos nos ensinamentos dos Espíritos superiores:

"A alma tinha sua individualidade antes da sua encarnação e a conserva depois da sua separação do corpo.
Na sua reentrada no mundo dos Espíritos, a alma aí reencontra todos aqueles que conheceu sobre a Terra, e todas as suas existências anteriores se retratam em sua memória com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria; o homem que supera essa influência pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e coloca toda a sua alegria na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à natureza animal.
Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
Os Espíritos não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e cincunscrita; estão por toda a parte, no espaço e ao nosso lado, nos vendo e nos acotovelando sem cessar; é toda uma população invisível que se agita em torno de nós.
Os Espíritos exercem, sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico, uma ação incessante. Agem sobre a matéria e sobre o pensamento, e constituem uma das forças da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos, até agora inexplicados, ou mal explicados, e que não encontram uma solução racional senão no Espiritismo.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos solicitam para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação; os maus nos solicitam ao mal: é para eles uma alegria nos ver sucumbir e nos assemelharmos a eles.
As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas ocorrem pela influência, boa ou má, que eles exercem sobre nós com o nosso desconhecimento; cabe ao nosso julgamento discernir as boas e más inspirações. As comunicações ostensivas ocorrem por meio da escrita, da palavra, ou outras manifestações materiais, e mais frequentemente por intermédio dos médiuns que lhes servem de instrumento.
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou por evocação. Podem-se evocar todos os Espíritos: aqueles que animaram homens obscuros, como aqueles de personagens mais ilustres, qualquer que seja a época na qual tenham vivido; os de nossos parentes, de nossos amigos ou de nossos inimigos, e com isso obter, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a sua situação no além-túmulo, sobre seus pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações que lhes são permitidas nos fazer." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item VI).

terça-feira, 4 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Parte 4

Dando continuidade ao registro do resumo dos pontos mais importantes da Doutrina Espírita:

"Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em força, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade.
Os da primeira classe são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua aproximação de Deus, a pureza de seus sentimentos e seu amor ao bem; são os anjos ou Espíritos puros. As outras classes se distanciam cada vez mais dessa perfeição; os das classes inferiores são inclinados à maioria das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Entre eles há os que não são nem muito bons nem muito maus, são os Espíritos levianos.
Os Espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos progridem, passando por diferentes graus de hierarquia espírita.
Esse progresso ocorre pela encarnação, que é imposta a uns como expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova que devem suportar por várias vezes, até que hajam alcançado a perfeição absoluta.
Deixando o corpo, a alma reentra no mundo dos Espíritos, de onde havia saído, para retomar uma nova existência material, depois de um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece no estado de Espírito errante.
O Espírito, devendo passar por várias encarnações, disso resulta que todos tivemos várias existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja sobre a Terra, seja em outros mundos.
A encarnação dos Espíritos ocorre sempre na espécie humana: seria um erro acreditar que a alma ou Espírito possa se encarnar no corpo de um animal.
As diferentes existências corporais do Espírito são sempre progressivas e jamais retrógradas; mas a rapidez do progresso depende dos esforços que fazemos para atingir a perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós, assim, o homem de bem é a encarnação do bom Espírito, e o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma tinha sua individualidade antes da sua encarnação e a conserva depois da sua separação do corpo." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item VI.)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Parte 3


Hoje, resumiremos aqui os principais pontos da Doutrina Espírita ou Doutrina dos Espíritos:

"Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.
Criou o Universo que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal e os seres imateriais o mundo invisível ou espírita, que dizer, dos Espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
O mundo corporal não é senão secundário; poderia cessar de existir, ou não ter jamais existido, sem alterar a essência do mundo espírita.
Os Espíritos revestem, temporariamente, um envoltório material, perecível, cuja destruição, pela morte, os torna livres.
Entre diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que atingiram um certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá superioridade moral e intelectual sobre os outros.
A alma é um Espírito encarnado, do qual o corpo não é senão um envoltório.
Há no homem três coisas: 1º - o corpo ou ser material análogo aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º - a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º - o laço que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
O homem tem assim duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, dos quais tem o instinto, pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
O laço ou perispírito que une o corpo e o Espírito é uma espécie de envoltório semi-material. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro, o Espírito conserva um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se visível.
O Espírito não é um ser abstrato; é um ser real. (...)
Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em força, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item VI).

domingo, 2 de abril de 2017

O Livro dos Espíritos - 160 anos - Parte 2


O Livro dos Espíritos tem por característica a sistemática de perguntas e respostas. As perguntas  e os comentários foram elaboradas pelo Codificador (homem das Ciências e Pedagogo) e as respostas dadas pelos Espíritos Superiores, através de diferentes médiuns, de lugares diversos; e enquanto as respostas não eram as mesmas, ele continuava questionando.
No texto de hoje vamos entender a diferença entre as palavras espiritual, espiritualista e espiritualismo. "O espiritualismo é o oposto do materialismo; quem crê haver em si outra coisa além da matéria , é espiritualista. Mas não se segue daí que crê na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em lugar das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos para designar esta última crença as de Espírita ou o Espiritismo. Diremos pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou espiritistas." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item I).
"Os próprios seres que se comunicam se designam, sob o nome de Espíritos ou de gênios, e como tendo pertencido, pelo menos alguns, a homens que viveram sobre a Terra." (O Livro dos Espíritos - Introdução - Item VI). Kardec optou pela palavra "Espírito" e criou as derivadas: espiritismo, espiritista, espiritual.