quarta-feira, 18 de abril de 2018

DATA DE LANÇAMENTO DE "O LIVRO DOS ESPÍRITOS"


                O PRIMEIRO LIVRO DOS ESPÍRITOS E A IMPRENSA PARISENSE


            A 18 de abril de 1857 era lançada em Paris, na França, a primeira edição de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que, mesmo não sendo a edição definitiva, tornou-se um marco na História do Espiritismo.
            Com tiragem de 1.200 exemplares foi impressa na Imprimerie de Beau, à rua de Paris, 80, em Sait-Germain-em-Laye, a cerca de 20km da capital.
            Lançamento, exposição e venda ocorreram na Livraria Dentu, de propriedade do livreiro e editor Edouard Dentu, renomada casa comercial, com endereço na movimentada Galerie d’Orléans, n. 13, do Palais-Royal.
            Mesmo sendo uma obra de conteúdo invulgar, a imprensa da capital francesa, talvez até por conta dos 12.019 títulos editados naquele ano, deu pouca importância ao seu aparecimento, o qual não foi precedido de nenhuma divulgação.

            O Journal Amusant: jornal ilustré, de 23 de maio de 1857, com o título de “Mania dos Espíritos”, noticia: “Eis que chega primeiramente um volume intitulado O Livro dos Espíritos, contendo os princípios da Doutrina Espírita, sobre a natureza dos Espíritos, sua manifestação e suas relações com os homens, etc., escritos sob o ditado de publicado por ordem de Espíritos Superiores, por Allan Kardec. Este Allan Kardec, digo-vos confidencialmente, não passa de um pseudônimo de fantasia, adotado para as necessidades da causa, pelo Sr. D... R... que ocupava outrora um lugar importante numa de nossas administrações teatrais.”
            Eis os termos nos quais os Espíritos deram por escrito ao Sr. Allan Kardec, e por intermédio de diversos médiuns, a missão de escrever este livro:
“Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com a nossa participação. Este trabalho também é nosso; nós o revisaremos juntamente; mas sobretudo, quando a obra estiver terminada, lembra-te de que nós te ordenamos imprimi-la e propagá-la.”
O Le monde Illustré: jornal, de 13 de junho de 1857, no espaço destinado a críticas de livros – o Boletim Bibliográfico – assinado por Delaunay, tece os seguintes comentários: “O livro dos Espíritos, contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a natureza dos Espíritos, sua manifestação e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade, escrito sob o ditado dos Espíritos Superiores, por Allan Kardec, como indica o seu título, foi escrito com vistas a estabelecer os fundamentos da verdadeira Doutrina Espírita, liberada dos erros e dos preconceitos; ele não contém nada que não seja a expressão de seu pensamento e que não tenha sofrido o controle dos Espíritos Superiores. Entre os Espíritos que quiseram manifestar-se à pessoa que assina Allan Kardec, nota-se João Evangelista, São Vicente de Paulo, Hahnemannm, Franklin, Swedenborg e Napoleão I, que praticaram a virtude e a sabedoria, os outros não pertencem, por seu nome, a nenhuma personagem de que a História tenha guardado a lembrança.
Os princípios contidos neste livro foram coordenados de maneira a apresentar um conjunto regular e metódico sobre a nova Doutrina Espírita ou o Espiritismo, a qual consiste na crença das relações do mundo material com os Espíritos do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão, portanto, os espíritas ou espiritistas.
O Sr. Kardec coordena os princípios da ciência de maneira a nos edificar sobre a nova Doutrina Espírita, isto é, sobre a crença de que devemos ter a possibilidade de conhecer o mundo imaterial por meio dos Espíritos invisíveis. A bem da verdade, nós não compreendemos em absoluto nem as teorias nem os fatos apresentados pelo Sr. Kardec; mas isso decorre, do materialismo de nossa pobre inteligência.”
(Texto de José Jorge Leite de Brito –  Alguns tópicos da Revista Reformador – Outubro, 2017.)

Refletindo sobre a importância desta obra para a Humanidade, reproduzimos duas questões das edições atuais para uma reflexão:


Pergunta nº 1: Que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

Pergunta 1019: Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?
- “O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.
“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobrir a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.
“Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias!”  (Espírito São Luís).

E o último parágrafo da Conclusão de O Livro dos Espíritos, temos o conselho do Espírito Santo Agostinho:


“Por muito tempo, os homens têm se dilacerado mutuamente e anatematizado em nome de um Deus de paz e de misericórdia, ofendendo-o com tal sacrilégio. O Espiritismo é o laço que os unirá um dia, porque lhes mostrará onde está a verdade e onde está o erro. Mas haverá por muito tempo ainda escribas e fariseus que o negarão, como negaram o Cristo. Quereis, saber, pois, sob a influência de quais Espíritos estão as diversas seitas que entre si dividem o mundo? Julgai-as pelas suas obras e pelos seus princípios. Jamais os bons Espíritos foram os instigadores do mal; jamais aconselharam ou legitimaram o homicídio e a violência; jamais excitaram os ódios dos partidos nem a sede de riquezas e de honras, nem a avidez dos bens da Terra. Só aqueles que são bons, humanos e benevolentes para com todos, são os seus preferidos e são também os preferidos de Jesus, porque seguem o caminho que lhes indicou para chegarem até ele.”